Conheça o Estado Islâmico, o novo nome do terror

A extrema brutalidade do EI fez com que até mesmo a Al-Qaeda cortasse ligações com o grupo.
Formado no início dos anos 2000, o Estado Islâmico resultou da associação de diversos grupos terroristas de origem sunita, incluindo a Al-Qaeda do Iraque, o Conselho Shura Mujahideen, o Estado Islâmico do Iraque, e ainda a Jeish al-Taiifa al-Mansoura, Jaysh al-Fatiheen, Jund al-Sahaba, Katbiyan Ansar al-Tawhid wal Sunnah e diversos grupos tribais sunitas.
Ficou conhecido inicialmente como Estado Islâmico do Iraque e do Levante ou Estado Islâmico do Iraque e da Síria, mas em 29 de junho de 2014 passou a ser denominado apenas Estado Islâmico, com a criação de um califato, em que o califa se torna uma espécie de chefe de estado e monarca teocrático absoluto. O doutor em Filosofia em estudos islâmicos Ibrahim Awwad Ibrahim Ali al-Badri al-Samarrai, ou apenas Abu Bakr al-Baghdadi, se declarou califa e apresenta-se como um descendente de Maomé.
O Estado Islâmico atribui-se ter autoridade religiosa sobre todos os muçulmanos do mundo, particularmente na chamada região do Levante, que inclui não apenas o Iraque, mas também a Jordânia, Israel, Palestina, Líbano, Chipre e Hatay, região do Sul da Turquia.
Durante a Guerra do Iraque, o Estado Islâmico declarou a cidade de Baquba, com quase 500 mil habitantes, a 50 quilômetros de Bagdá, como sua capital. Estabeleceu posições fortes na região sunita desse país, obrigando a população das cidades sob seu controle a se converterem ao islamismo e a se subordinarem à charia, o código de leis islâmico. Quem se recusa é mutilado, torturado ou morto.
Já foi acusado pela Anistia Internacional de promover a limpeza étnica de grupos muçulmanos minoritários.
Vídeos de ocidentais sendo decapitados são divulgados frequentemente pelos extremistas, que já são listados como terroristas por diversos países e até mesmo pela Organização das Nações Unidas. Também se tornaram frequentes atentados contra o patrimônio cultural, particularmente no Iraque, onde obras de grande relevância histórica vêm sendo destruídas ou saqueadas para venda no mercado negro.
A maior violência atinge muçulmanos xiitas, assírios, cristãos armênios, yazidis, drusos, shabaks e mandeanos, existindo notícias de estupros generalizados contra mulheres. Regras anunciadas em Nínive chegam a proibir que as mulheres saiam de casa, mesmo que seja necessário.
Em fevereiro de 2014 a Al-Qaeda rompeu relações com o grupo, possivelmente em razão de sua brutalidade.
O EI deixou de ter sua presença limitada ao Iraque e se envolveu na guerra civil Síria, tornando-se um dos principais grupos armados contra o governo de Bashar al-Assad. Em 2015 já atuava no Iêmem, no Afeganistão (lutando não apenas contra as forças da coalizão internacional mas até mesmo contra grupos jihadistas rivais, como o Taliban) e na Líbia. Em fevereiro de 2015, decapitou em Trípoli, a capital do país, 21 cristãos coptas.
Há uma estimativa de que cerca de oito milhões de iraquianos e sírios estão vivendo em áreas controladas pelo Estado Islâmico. Atualmente, Ar-Raqqah, na Síria, é a capital de fato do grupo, que estabeleceu uma espécie de governo e chegou a manter no cargo antigos funcionários do governo Assad que lhe juraram lealdade.
Quando ocupa alguma localidade, o grupo tem o hábito de pendurar uma bandeira preta no topo do prédio mais alto. Essa bandeira lembra o Estandarte Negro (também conhecido como a Bandeira da Jihad), uma das bandeiras hasteadas por Maomé no Hadith, um símbolo do Islã e do Jihadismo.