Qual é o mar mais salgado do Planeta?

O Mar de Aral, na Ásia Central, tem a água mais salgada. E é, ao mesmo tempo, o maior desastre ambiental do Planeta.
Delimitado ao norte por duas províncias do Cazaquistão (Aqtöbe e Qyzylorda) e ao sul pela região autônoma Caracalpaquistão, do Uzbequistão, o Mar de Aral tinha em 1960 (quando era o quarto maior lago do mundo) uma área total de 68 mil quilômetros quadrados, uma profundidade máxima de 31 metros e um volume de água da ordem de 1,1 mil quilômetros cúbicos.
Seus índices de salinidade são muito superiores à média dos oceanos, que é de 3,5%. Em suas águas, a salinidade chega a uma média de 34,8% e, a vinte metros de profundidade, atinge 38,8%, índice significativamente maior que o do Mar Morto, que chega a uma média de 27% na superfície e a 32,66% a 50 metros de profundidade. Em 1960, a salinidade do Mar de Aral era de apenas 10 gramas por litro, em torno de um quarto da existente atualmente.
Mar de Aral significa, em português, Mar das Ilhas, o que explica bem o que ocorria com sua geografia. Ali existiam nada menos que 1.500 ilhas em 1960, todas desaparecidas neste momento. Não porque tenham sido inundadas, mas porque o Mar de Aral está desaparecendo e se transformando em um grande deserto.
Esse processo de desertificação é considerado, neste momento, um dos maiores desastres ambientais de todos os tempos.
Em 2007, a superfície do Mar de Aral já havia se reduzido a 10% do que já fora no passado. E, em 2010, por ter continuado a secar, já não existia como um único bloco de água e estava dividido em três porções. O Cazaquistão desenvolve um trabalho de recuperação em sua parte norte e, entre 2003 e 2008, já conseguiu elevar o nível das águas em doze metros.
Com isso passou a haver uma queda da salinidade nessa parte das águas e os peixes começaram a surgir em quantidade que permitiu o retorno da pesca comercial. Para que se tenha uma ideia do que foi a pesca na região no passado, só o Mar de Aral produzia um sexto de todos os peixes consumidos na extinta União Soviética.
Mas, embora tenha melhorado a situação em sua parte norte, as perspectivas para a parte sul do Mar de Aral são sombrias.
O Mar de Aral está em uma depressão onde chegam as águas das chuvas e os rios de uma vasta região, a partir de nascentes que estão a 2.000 quilômetros de distância da foz, junto às montanhas do Himalaia. Essa depressão, no passado, entre 68 milhões a 1,8 milhão de anos atrás, possivelmente estava ligada ao mar através do Mar Cáspio e Mar Negro. Mesmo quando foi isolado desses mares, o Aral continuou sendo alimentado principalmente pelos rios Amu Daria e Syr Darya, tornando-se o que se considerava um oásis em meio ao deserto da Ásia Central.
No entanto, sem escoamento, passou a se acentuar a salinização a partir do sal trazido pelos rios. A evaporação durante milhares de anos acentuou o processo e, por isso, o Mar de Aral chegou aos tempos atuais como a área de água mais salgada no Planeta.
Os problemas do Mar de Aral se acentuaram com a presença soviética na região e a drenagem que promoveu em seus rios, ao mesmo tempo em que não impediu que passassem a receber lixo, esgoto e poluentes oriundos das comunidades que se desenvolveram em suas proximidades. O desvio de parte das águas dos rios Amu Darya e Syr Darya, alimentadores do Mar de Aral, começaram em 1918.
Diante disso, a superfície do Aral, que era entre 1951 e 1960 de 67,1 mil quilômetros quadrados, com um volume de 1,08 mil quilômetros cúbicos de água, caiu para apenas 36,5 mil quilômetros quadrados e a um volume de 328,6 quilômetros cúbicos de água. Ou seja, os danos causados pelos soviéticos reduziram a área do Mar de Aral quase pela metade e seu volume de água para cerca de um terço do que fora 30 anos antes.
A imagem no alto de página mostra bem o que aconteceu com o Mar de Aral nas últimas décadas, apresentando imagens do que foi em 1973, 1999 e 2009.