Quantas pessoas foram mortas pela inquisição?

Existem divergências em relação aos números corretos, mas a informação mais confiável é de que tenham sido julgadas 150 mil pessoas, das quais 3 mil foram assassinadas em nome da "defesa da fé".
A inquisição foi criada em 1184, durante o Concílio de Verona, para julgar crenças que fossem consideradas heresias por parte da Igreja Católica. O primeiro caso envolveu os cátaros de Albi (também conhecidos como albigenses), no sul de França, que acreditavam na existência de dois deuses, um para o bem e outro para o mal. Também havia as chamadas heresias cátaras, segundo as quais a alma seria a parte boa do ser humano e o corpo seria a parte má. Outras heresias que passaram a ser investigadas foram as dos fraticellis, hussitas (seguidores de Jan Hus) e as beguinas.
Na fase da Inquisição Medieval houve também forte perseguição contra os partidários da Reforma Protestante e da Contrarreforma Católica. Bastava contrariar o catolicismo para ser considerado herege. A Inquisição se estendeu por 650 anos. Na Espanha, só foi abolida em 1834.
Entre as principais vítimas da Inquisição estiveram pensadores, astrônomos e os cientistas da época, além de mulheres que, com conhecimentos sobre as propriedades curativas de plantas e chás, eram consideradas bruxas. Em 1487 os inquisidores dominicanos Heinrich Kraemer e James Sprenger escreveram uma espécie de manual para ajudar a identificar, torturar e condenar bruxas, "O Martelo das Bruxas" ou "O Martelo das Feiticeiras", com o título original de "Malleus Maleficarum". Clique aqui para fazer o download desse documento, que não chegou a ser reconhecido oficialmente pela Igreja Católica, mas que foi largamente utilizado nas sessões de tortura.
As condenações à fogueira eram sempre precedidas de torturas bárbaras. O inquisidor espanhol Tomás de Torquemada - um padre dominicano, como a maior parte dos inquisidores - ficou conhecido como um dos mais violentos.
Entre as vítimas famosas da Inquisição destaca-se Joana D'Arc, camponesa e chefe militar durante a Guerra dos Cem Anos, queimada na fogueira em 1431 em um "ato de fé" da inquisição francesa agindo sobre influência dos Borguinhões, parceiros dos ingleses que eram combatidos por Joana e seus aliados Armagnacs. Entre outras vítimas famosas esteve o físico, matemático, astrônomo e filósofo italiano Galileu Galilei (1564-1642), que em 1616 foi proibido de divulgar e ensinar os princípios da Teoria Heliocêntrica, segundo a qual o Sol era o centro imóvel do universo e que a Terra se movia em torno dele. Pela mesma razão o livro de Nicolau Copérnico, "De revolutionibus orbium coelest", foi incluído no Index librorum prohibitorum ("Índice dos livros proibidos").
Galileu Galilei e Copérnico não chegaram a ser mortos pela Inquisição, mas muita gente não teve esse sorte. Historiadores consideram que ao longo de todo o período da Inquisição teriam sido julgadas 150 mil pessoas, das quais 3 mil foram mortas. O método mais comum era a morte na fogueira.
Embora deflagrada para "julgar" heresias constatadas na França, a Inquisição terminou se alastrando por quase todos os países da Europa. Em sua primeira fase ficou conhecida como Inquisição Medieval e, nas fases seguintes, teve também ramificações em Portugal e Espanha, que criaram seus próprios tribunais, particularmente para a perseguição aos judeus sefarditas. Eles foram expulsos da Espanha em 1492 e se refugiaram em Portugal, onde também passaram a ser perseguidos. Os tribunais espanhol e português atuaram não apenas nesses países mas também em suas colônias, incluindo a América Espanhola. A sede da inquisição espanhola nas Américas estava localizada na cidade de Cartagena das Índias, na Colômbia, onde o Palacio de la Inquisición (Palácio da Inquisição) é atualmente sede do Museu Histórico de Cartagena que, entre outras dependências, abriga o Museu da Inquisição.
No Brasil, ocorreram cerca de 500 julgamentos na segunda metade do século XVIII, a maior parte acusada de disseminar o judaísmo.
Os tribunais de Lisboa, Porto, Coimbra e Évora, teriam queimado 1.175 pessoas vivas entre 1540 e 1794, além de terem queimado a efígie de outras 633 e imposto castigos a mais 29.590, segundo o historiador Henry Charles Lea.
O historiador e ensaísta espanhol García Cárcel, em seus estudos sobre a inquisição, foi quem calculou o julgamento de cerca de 150 mil pessoas por todos os tribunais inquisitoriais ao longo da história, das quais 3 mil teriam sido assassinadas. Os historiadores Gustav Henningsen e Jaime Contreras, em estudos específicos sobre a Inquisição Espanhola, encontraram 44.674 julgamentos, dos quais 826 resultaram em mortes. Por sua vez, o historiador William Monter contou 1.000 execuções entre 1530-1630 e outras 250 entre 1630-1730. Para o estudioso francês Jean-Pierre Dedieu, apenas o Tribunal de Toledo julgou 12 mil pessoas. Henry Kamen, estudando a Inquisição antes de 1530, informou que houve aproximadamente duas mil execuções na Espanha.
A chamada Santa Inquisição recebeu em 1904 o nome de Suprema Sagrada Congregação do Santo Ofício e, em 1965, passou a ser chamada de Congregação para a Doutrina da Fé.